quinta-feira, 24 de junho de 2010
ENTREGA DE LIVROS
Durante a semana de 14 a 18/06 houve entrega dos livros do Projeto Minha Biblioteca da Secretaria Municipal de Educação que tem como objetivo estimular o gosto pela leitura dos nossos alunos.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
BIBLIOTECA SP
Conheça a Biblioteca SP que fica localizada na Av. Cruzeiro do Sul, 2630, no bairro Santana, ao lado da estação Carandiru do metrô.
Funciona de terça a sexta das 9 às 21 horas. Sábados, Domingos e Feriados das 9 às 19horas.
O telefone da biblioteca é (11) 2089-0800
A biblioteca possui um site oficial, um blog oficial e um twitter oficial.
Toda a programação cultural você encontra no blog:
http://www.bibliotecadesaopaulo.blogspot.com/
OUTRAS BIBLIOTECAS PARA VOCÊ:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/
bibliotecas/monteiro_lobato/index.php?p=9
http://www.biblio.com.br/
quarta-feira, 9 de junho de 2010
ILUSTRAÇÃO DOS CONTOS AFRICANOS COM MASSA DE MODELAR.
Algumas ilustrações dos contos africanos com massa de modelar feito pelos alunos dos 5ºs,6ºs, 7ºs e 8ºs anos.
terça-feira, 8 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
PROJETO SANTOS DUMONT NA AFRICA DO SUL
PROJETO COPA DO MUNDO 20010 “SANTOS DUMONT NA ÁFRICA DO SUL"
SALA DE LEITURA – CONTOS AFRICANOS
Projeto elaborado pela Professora Irene Santos da Silva.

JUSTIFICATIVA: Ao abordar o tema do Projeto Copa do Mundo 2010, que tem a África como sede, a sala de leitura irá dar destaque ao gênero textual contos africanos. Farei da Arte um recurso estratégico, valorizando o aluno, apostando na sua aprendizagem e aproveitando todas as possibilidades de seu repertório de conhecimento e emoções.
OBJETIVOS:
• Utilizar a expressão artística para estimular o aluno a exprimir sem receios, sem censuras, sem se importar com talento ou capacidade criativa, seus sentimentos e emoções.
• Identificar e respeitar diferentes culturas;
• Identificar as características marcantes desse tipo de texto;
• Explorar recursos da oralidade e da escrita;
DURAÇÃO: 29/03 A 28/06
PROCEDIMENTOS:
• Audição de uma música sobre a África (os alunos receberão letra da música para leitura compartilhada e cantar).
• Explicação do Projeto e dos objetivos para os alunos;
• Conversação sobre as características do gênero quer irá ser trabalhado e questionamentos sobre o conhecimento de algum conto africano;
• Solicitar que os alunos observem a característica dos contos africanos que explicam fenômenos da natureza de forma criativa e nos mostram uma versão peculiar da cultura de determinado povo;
• A professora irá ler oito contos africanos para cada turma (CI e CII), sendo que serão selecionados apenas quatro de cada turma para realização dos trabalhos de arte;
• Apresentação através da leitura do conto ou audição de CD;
• Reescrita do conto pelo aluno;
• Revisão da reescrita pelo professor;
• Realização em grupo de uma atividade artística para representar a narração;
• Produção de desenhos que representem o conto;
• Exposição das reescritas dos contos e dos trabalhos de arte.
AVALIAÇÃO: Dar-se-á no decorrer do projeto através da observação da participação e envolvimento dos alunos na realização das atividades e etapas propostas.
PROPOSTA DE FINALIZAÇÃO: Produção de cadernos com as reescritas dos contos (digitados na Sala de Informática) e dos trabalhos de arte (para ilustração e exposição).
ENCERRAMENTO: Exposição geral da escola com todos os produtos finais do projeto da Copa do Mundo 2010- Alberto Santos Dumont na África do Sul.
BIBLIOGRAFIA:
D’ZAMBÊ, Julio e Débora- Contos africanos, Universidade Falada, Audio Livro, Série Cultura-2010- São Paulo
PRADO, Zuleika de Almeida- Mitos, mitos, Lendas, lendas, Ed. Callus- São Paulo-2003.
ARRABAL, José- O livro das Origens, Ed. Paulinis, São Paulo- 2008.
HALEY, Gail E.- O baú das histórias, Ed. Global
ACESSÍVEL em http://lendasecalendas.omeuforum.net/01/04/2010.
AVALIAÇÃO- PRODUÇÃO TEXTUAL
Modalidade: CONTOS
TÓPICOS DE REVISÃO
Desenvolvimento e adequação ao tema
• O texto produzido corresponde ao tema proposto?
• Foi produzido o suficiente para o desenvolvimento das idéias?
• O texto apresenta clareza?
• O texto apresenta seqüência lógica
Características do gênero
• Apresenta Título?
• O texto caracteriza-se como uma prosa/ narrativa?
• Apresenta fatos históricos com superstições e crendices?
• Apresenta características de lugar onde o fato aconteceu?
• Apresenta o elemento quando?
• Apresenta suspense / aventura?
• O texto está escrito na 3ª pessoa?
• Apresenta seqüência cronológica?
Estrutura Estética
• O texto foi escrito respeitando as linhas?
• A letra empregada é legível?
• O texto é legível, ainda que com borrões e rasuras?
• O texto apresenta margem dos dois lados da página?
• Há marcação adequada de parágrafo no corpo do texto?
Estrutura Lingüística
De uma forma geral o aluno:
• Escreve convencionalmente as palavras?
• Apresenta separação silábica quando necessário?
• Acentua adequadamente as palavras?
• Emprega a pontuação que facilita a leitura e compreensão do texto?
• Usa letras maiúsculas e minúsculas adequadamente?
• Emprega o vocabulário de maneira adequada?
• Apresenta concordância nominal?
• Apresenta concordância verbal.
MÚSICAS
ÁFRICA- Palavra Cantada – CI
Quem não sabe onde é o Sudão saberá
A Nigéria o Gabão Ruanda
Quem não sabe onde fica o Senegal,
A Tanzânia e a Namíbia, Guiné Bissau?
Todo o povo do Japão saberá
De onde veio o Leão de Judá
Alemanha e Canadá saberão
Toda a gente da Bahia sabe já
De onde vem a melodia
Do ijexá o sol nasce todo dia
Vem de lá
Entre o Oriente e ocidente
Onde fica?
Qual a origem da gente?
Onde fica?
África fica no meio do mapa do mundo do atlas da vida
Áfricas ficam na África que fica lá e aqui
África ficará
Basta atravessar o mar pra saber
Onde cresce o Baobá pra saber
Da Floresta de Oxalá e malê
Do deserto de alah
Do ilê Banto Mulçumanamagô
Yorubá
“O Brasil tem muito de África, conhecemos seu ritmo, sua religião, mas como será a origem disso tudo? Há muito que conhecer ainda.”
ÁFRICA DO SUL - Bamda Mel -CII
O ilê Aivê vai curtindo o seu reggae
Vai fazendo do seu samba
Uma forma de protesto
Segundo a norma
Dê a César o que é de César
Dê a Pedro o que é de Pedro
Dê ao negro toda África
África
África do Sul
África do Sul
(Bis)
E o apartheid que faz a separação
Envolvendo muita gente
E o conflito das nações
Nem todas as águas
Que habitam o oceano
Não dariam pra lavar
A imundice desse mundo
África
África do Sul
África do Sul
(Bis)
Reggae no reggae do samba
Reggae Ilê Aivê
África do Sul
África do Sul
(Bis)
CONTOS AFRICANOS-CI
BAOBÁ, A ÁRVORE DA ÁFRICA.
Quando o Criador estava fazendo tudo no mundo a primeira coisa que ele fez foi o Baobá. O Baobá foi crescendo, crescendo, e enquanto isso o Criador foi trabalhando para fazer tudo no mundo.
Um dia o Baobá foi se olhar no espelho d’água, percebeu que era muito grande, muito alto. Ele foi até o Criador e perguntou:
- Criador, porque é que eu sou desse jeito? Eu gostaria de ser delicado como as plantinhas que estão ao redor da lagoa... Eu não quero ser dessa forma!
O Criador na sua paciência explicou que aquela fora sua primeira criação e que por isso tinha se dedicado muito, tornando-a uma árvore muito importante, porque tudo nela se aproveita. Mas, o Baobá não queria nem saber.
O Criador continuava ocupado fazendo tudo e o Baobá atrás, reclamando... Vivia reclamando ao Criador:
- Criador, dá um jeito na minha aparência! Não é possível assim!
O Criador foi agüentando, foi agüentando... Até que, um certo dia, perdeu a paciência com o Baobá. Arrancou o Baobá do chão, virou de ponta cabeça e enfiou o Baobá na terra.
Até hoje, quando você olha para o Baobá, parece que é uma árvore de cabeça pra baixo. Suas raízes são como se fossem braços pedindo ao Criador uma solução para o seu problema.
(Texto extraído do CD Universidade Falada- Contos Africanos)
COMO SURGIU A GALINHA D’ANGOLA
Antigamente as aves viviam felizes nos campo e nas florestas africanas, até que a inveja se instalou ente elas tornando insuportável a convivência.
Nessa ocasião, quase todos os pássaros passaram a invejar a família do Melro, que era muito bonito. O macho, com sua plumagem negra e seu bico amarelo-alaranjado, despertava em plumagem negra e seu bico amarelo-alaranjado, despertava em todos à vontade de ser igual a ele. As fêmeas tinham o dorso preto, o peito pardo-escuro, malhado de pardo-claro, e a garganta com manchas esbranquiçadas. Elas causavam inveja maior ainda.
O Melro, vaidoso, certo de sua beleza, prometeu que se todas as aves o obedecessem usaria de seus poderes mágicos e os tornariam negros com plumagem brilhante. Entretanto, os pássaros logo começaram a desobedecê-lo. Então ele, furioso, jurou vingança, rogou-lhes uma praga e deu-lhes cores e aspectos diferentes.
Para a Galinha D’Angola, disse que seria magra e sentiria fraqueza constante. Fez com que seu corpo se tornasse pintado assim como o de um leopardo. Dessa forma seria devorada por aqueles felinos, que não suportariam ver outro animal que tivesse o corpo tão belo, pintado de uma maneira semelhante ao deles. Ela pagaria assim por sua inveja. E foi isso o que aconteceu.
Desde esse dia a Galinha D’Angola, embora seja muito esperta e voe para fugir dos caçadores, vive reclamando que está fraca, fraca. Com suas perninhas magras, foge com seu bando assim que surge algum perigo e é muito difícil alcançá-la. Suas penas, cinzas, brancas ou azuladas, são sempre manchadinhas de escuro tornando as galinhas d’angola belas e cobiçadas.
(Conto retirado do livro Muitos mitos, lindas lendas de Zuleika de Almeida, Ed. Callus.)
Observação:
Os demais contos foram retirados do CD citado abaixo:
D’ZAMBÊ, Julio e Débora- Contos africanos, Universidade Falada, Audio Livro, Série Cultura-2010- São Paulo.
-Ianka, a menina do colar de contas.
-Nizua e o arco-íris.
-Omana, o menino príncipe.
-Porque o sol e a lua moram no céu.
-Pitam e a estrela cadente.
HALEY, Gail E.- O baú das histórias, Ed. Global.
-O baú das histórias.
CONTOS AFRICANOS-CII
QUEM PERDE O CORPO É A LÍNGUA
Conta-se em Angola que há muito tempo um caçador, voltando para sua aldeia, encontrou uma caveira num oco de pau. Assustado, olhou desconfiadamente de um lado para outro, temendo alguma armadilha ou uma das muitas artimanhas dos espíritos que faziam da floresta seu lar. Mesmo ainda muito espantado, tomou coragem e se aproximou para observar.
Nesse momento, a Caveira chamou-o e pediu:
— Chegue mais perto, caçador, que eu não mordo, não!
Mas quem diz que ele a atendeu. Mais desconfiado do que propriamente assustado, o caçador ficou onde estava e somente depois de mais algum tempo juntou um restinho de coragem e perguntou:
— Quem a pôs nesse lugar, Caveira?
— Foi a Morte, caçador — apressou-se ela a responder.
— E quem a matou?
Enigmática, os olhos brilhando nas órbitas vazias, a Caveira voltou a responder:
— Quem perde o corpo é a língua!...
O caçador voltou para casa e contou aos companheiros o que acontecera. Ninguém acreditou, mas conversa vai, conversa vem a história da Caveira que falava no meio da floresta foi se espalhando, espalhando, até que muita gente dela falava. Dias mais tarde o caçador passou pelo mesmo pedaço escuro e sombrio da floresta e tornou a ver a Caveira no mesmo lugar, ajeitada caprichosamente num oco de uma enorme e igualmente assustadora árvore. Tornou a fazer as mesmas perguntas e, como era de esperar, ouviu as mesmas respostas. Mais que depressa o caçador correu para a aldeia e, todo orgulhoso de si mesmo, pois afinal era o único que encontrava e conversava com a misteriosa Caveira, teimou em contar a história aos companheiros. A verdade é que tanto ele contou que muitos começaram a ficar com raiva dele... Afinal de contas, que Caveira era aquela que só falava com ele?
E por quê? Seria mentira? Por fim, acabaram dizendo:
— Vamos ver essa tal Caveira de que fala tanto, mas ouça bem: se ela não disser coisa alguma que se pareça com tudo isso que você tem dito a nós, vamos lhe dar lá mesmo a maior surra de pau que você já levou pra deixar de ser mentiroso, ouviu bem?
Certo que a Caveira não o decepcionaria, mais do que depressa o caçador os conduziu até a sua estranha companheira. Vendo-a, apressou-se em lhe fazer as tais perguntas de que tanto falara, mas a Caveira não murmurou sequer qualquer coisa. Calada estava, calada ficou. Mais o caçador perguntava e mais ela ficava calada. Nem um “ai”, quanto mais uma resposta.
Diante dos olhares ameaçadores dos companheiros, ele ainda tentou argumentar, dizer qualquer coisa, encontrar um jeito de...
Mas ninguém quis saber de conversa e muito menos de explicação. Caíram sobre ele com toda a raiva do mundo e deram-lhe uma grande surra. A maior que já levara. Foram embora reclamando muito e gritando:
— Mentiroso!
Pobre caçador! Pobre caçador! Todo machucado, o corpo dolorido, ficou estirado no chão, gemendo. Só com muito esforço, conseguiu forças para ficar de pé. Quando finalmente conseguiu se levantar, olhou cheio de raiva para a Caveira e resmungou:
— Olha bem, coisa do diabo, o que fez comigo! Os olhos dela cintilaram quase zombeteiramente e, depois de algum tempo, ela afirmou:
— Quem perde o corpo é a língua, meu amigo, é a língua...
E cá entre nós, com toda razão!
O caçador, bem machucado, foi para casa e, dessa vez, calou-se, guardando para si aquilo que somente ele ouvira.
Mukuendangó, Mukúfuangó, Mukuzuelangó, Mukuiangó. (Por andar à toa, morre-se à toa; por
falar à toa, vai-se à toa!)
Lendas Negras de Júlio Emílio Braz - Quimbundo
“ESTOU VOLTANDO...”
Um jovem angolano caminhava solitário pela praia. Parou por alguns instantes para agradecer aos deuses por aquele momento milagroso: o deslumbramento de sua terra natal. O silêncio o fez adormecer em seu âmago, despertando inesperadamente com o bater das ondas sobre as pedras. De repente, surgiram das matas homens estranhos e pálidos que o agarraram e o acorrentaram. Sua coragem e o medo travaram naquele momento uma longa batalha... Ele chamou pelos seus pais e clamou pelo seu Deus. Mas ninguém o ouviu. Subitamente mais e mais rostos estranhos e pálidos se uniram para rirem de sua humilhação. Vendo que não havia saída, o jovem angolano atacou um deles, mas foi impedido por um golpe. Tudo se transformou em trevas.
Um balanço interminável o fez despertar dentro do estômago de uma criatura. Ainda zonzo, ele notou a presença de guerreiros de outras tribos. Todos se demonstraram incrédulos sobre o que estava acontecendo. Seus olhos cheios de medo indagavam. Passos e risos de seus algozes foram ouvidos acima. Durante a viagem muitos guerreiros morreram, sendo seus corpos lançados ao mar. Dias depois, já em terra firme, ele é tratado e vendido como um animal. Com o coração cheio de “banzo” ele e outros negros foram levados para um engenho bem longe dali. Foram recebidos pelo proprietário e pelo feitor que, com o estalar do seu chicote não precisou expressar uma só palavra. Um dia, em meio ao trabalho, o jovem angolano fugiu. Mas não foi muito longe; foi capturado por um capitão do mato. Como castigo foi levado ao tronco onde recebeu não duas, mas cinqüenta chibatadas. Seu sangue se uniu ao solo bastardo que não o viu nascer.
Os anos se passaram, mas a sua sede por liberdade era insaciável. Várias vezes foi testemunha dos maus tratos que o senhor aplicava sobre as negras, obrigando-as a se entregarem. Quando uma recusava era imediatamente açoitada pelo seu atrevimento. A Sinhá, desonrada, vingava-se sobre uma delas, mandando que lhe cortassem os mamilos para que não pudesse aleitar. O jovem angolano não suportando mais aquilo fugiu novamente. No meio do caminho encontrou outros negros fugidos que o conduziram ao topo de uma colina onde uma aldeia fortificada – um quilombo – estava sendo mantida e protegida por escravos.
Ali ele aprendeu a manejar armas e, principalmente a ensinar as crianças o valor da cultura africana. Também foi ali que conheceu a sua esposa, a mãe de seu filho. Com o menino nos braços, ele o ergue diante as estrelas mostrando-o a Olorum, o deus supremo... Surgem novos rostos, estranhos e pálidos, mas de coração puro, os abolicionistas. Eram pessoas que há anos vinham lutando pelo fim do cativeiro. Suas pressões surtiram efeito. Leis começaram a vigorar, embora lentamente, para o fim da escravatura: A Lei Eusébio Queiroz; a do Ventre-Livre, a do Sexagenário e, finalmente, a Lei Áurea. A juventude se foi. O velho angolano agora observa seus netos correndo livremente pelos campos. Aprenderam com o pai a zelarem pelas velhas tradições e andarem de cabeça erguida. Um dia o velho ouviu o clamor do seu coração: com dificuldade caminhou solitário até a praia. Olhou compenetrado para o horizonte. Agora podia ouvir as vozes de seus pais sendo trazidas pelas ondas do mar.
A noite caiu cobrindo o velho angolano com o seu manto... Os tambores se calaram... No coração do silêncio suas palavras lentamente ecoaram: “Estou voltando... Estou voltando...”
Este conto é parte integrante do meu livro (O ANJO E A TEMPESTADE): Cia.dos Livros.
“POR QUE SERÁ QUE O MORCEGO SÓ VOA DE NOITE?"
Há muito e muito tempo houve uma tremenda guerra entre as aves e o restante dos animais que povoa as florestas, savanas e montanhas africanas.
Naquela época, o morcego, esse estranho bicho, de corpo semelhante ao do rato, mas provido de poderosas asas, levava uma vida mansa voando de dia entre as enormes e frondosas árvores à cata de insetos e frutas.
Uma tarde, (...) foi despertado pelos trinados aflitos de um passarinho:
- Atenção, todas as aves! Foi declarada a guerra aos quadrúpedes. Todos que têm asas e sabem voar devem se unir na luta contra os bichos que andam no chão.
O morcego ainda estava se refazendo do susto, quando uma hiena passou correndo e uivando aos quatro ventos:
- E agora? – perguntou a si mesmo o aparvalhado morcego. – Eu não sou uma coisa nem outra.
Indeciso, não sabendo a quem apoiar, resolveu aguardar o resultado da luta:
- Eu é que não sou bobo. Vou me apresentar ao lado que estiver vencendo – decidiu.
Dias depois, escondido entre as folhagens, viu um bando de animais fugindo em carreira desabalada, perseguidos por uma multidão de aves que distribuíam bicadas a torto e a direito. Os donos de asas estavam vencendo a batalha e, por isso, ele voou para se juntar às tropas aladas.
Uma águia gigantesca, ao ver aquele rato com asas, perguntou:
- O que você está fazendo aqui?
- Não está vendo que sou um dos seus? Veja! – disse o morcego abrindo as asas. – Vim o mais rápido que pude para me alistar – mentiu.
- Oh, queira me desculpar!– falou a desconfiada águia. – Seja bem-vindo à nossa vitoriosa esquadrilha.
Na manhã seguinte, os animais terrestres, reforçados por uma manada de elefantes, reiniciaram a luta e derrotaram as aves, espalhando penas para tudo quanto era lado.
O morcego, na mesma hora, fechou as asas e foi correndo se unir ao exército vencedor.
- Quem é você? – rosnou um leão.
- Um bicho de quatro patas como Vossa Majestade – respondeu o farsante, exibindo os dentinhos afiados.
- E essas asas? – interrogou um dos elefantes. – Deve ser um espião. Fora daqui! – berrou o paquiderme erguendo a poderosa tromba num gesto ameaçador.
O morcego, rejeitado pelos dois lados, não teve outra solução passou a viver isolado de todo mundo, escondido durante o dia em cavernas e lugares escuros.
É por isso que até hoje ele só voa de noite.”
Autor: Rogério Andrade Barbosa
Retirada do livro: Histórias Africanas para contar e recontar
Editora do Brasil
SABER CASAR - Um conto popular kimbundu
Este conto fala-nos de um senhor que quase provocou a morte do seu irmão mais novo por se ter apaixonado por uma mulher desconhecida. Ė preciso sabermos que quando casamos nem todo o tipo de mulher serve.
Era uma vez um senhor caçador e um irmão pequeno que viviam numa pequena povoação. Quando ia para a caça, o caçador deixava o irmão em casa. Certa altura, o caçador resolveu casar, porque estava cansado de viver solteiro. Mas ele não quis casar com nenhuma mulher da povoação em que vivia. Numa manhã de cacimbo, no Inverno, enquanto caçava, encontrou uma mulher muito bonita a tremer por causa do frio que assolava aquela floresta. Sem mais olhar para trás, apaixonou-se pela menina. E a menina, também sem mais hesitar, aceita o pedido de casamento, e caminharam para casa para viverem maritalmente.
Passados alguns meses, a mulher fazia «espetados» estranhos que ameaçavam o menino. Quando ambos ficavam sozinhos, devorava toda a carne sem deixar nada. O menino explicava o que se passava ao irmão, mas ele não «dava de nada». A situação tornava-se mesmo alarmante e a caça já não era suficiente para a menina carnívora.
Certa manhã, depois de o marido partir para a caça, ela transformou-se em leoa e tentou apanhar o menino. O menino, sem mais demora, deu um pulo para fora de casa e pôs-se a correr em direcção ao local de caça onde o irmão estava, enquanto chorava «de gritos».
Quando deu conta que estavam próximo do local de caça (porque o marido dizia sempre para onde ia caçar), voltou a transformar-se em pessoa e chamou o cunhado, enquanto dizia que brincava com ele.
Depois do regresso do irmão a casa, o menino contou tudo ao irmão, mas ele fez-se surdo. Temendo pelo perigo em que a sua vida se encontrava, o menino resolveu viver fora de casa, porque aquele episódio repetiu-se frequentemente. Mas o irmão caçador, depois de ouvir tantas lamentações do irmão pequeno e de alguns vizinhos, deu ouvidos ao irmão e disse:
- Vou-me esconder próximo da aldeia e se ela tornar a fazer o mesmo corres para a direcção para onde me dirijo.
O mesmo voltou a acontecer e o menino fez o que foi combinado. Correu em direcção ao local onde estava escondido o seu irmão. Escutando os gritos e choros do irmão que vinha a ser perseguido por uma leoa, o caçador preparou a espingarda em posição de fogo.
Quando o menino e a leoa chegaram próximo dele, sem mais hesitar, atingiu a leoa na cabeça com um tiro e a leoa acabou por morrer.
O caçador pegou no irmão e regressou a casa, enquanto chorava, porque tinha posto em perigo a vida de seu irmão. Aprendeu que quando procuramos casar ou arranjamos uma mulher ou um homem para casar, primeiro devemos procurar saber que tipo de ser humano é.
Esta é uma história que nos vem ensinar que quando pensamos casar, devemos ter cautelas, para não pormos em perigo as nossas vidas, as nossas relações de amizade com a família, amigos e pessoas chegadas.
Carlos Kakulu
Estudante da Universidade da Namíbia
ADBU, O CEGO E O CROCODILO
Um dia Abdu preparou uma armadilha na beira do rio para pegar um crocodilo. Que sorte! Pegou um logo em seguida! Mas em vez de levar a presa para o terreiro da sua concessão, resolveu fazer uma senhora marotagem. Catou uma pedra bem grande e arrebentou a cabeça do crocodilo. Depois escondeu o bicho num arbusto. Feito isso, voltou tranqüilamente para casa.
Abdu esperou um tempinho e foi convencer o chefe da aldeia a organizar uma caçada de crocodilos. E propôs:
- Quem chegar primeiro com um crocodilo morto ganha uma gorda recompensa.
O chefe pensou um pouco e respondeu:
- Abdu, gostei da idéia! Vamos organizar logo essa caçada!
Naquela mesma tarde, os homens saíram para caçar crocodilo. Abdu sabia que eles praticamente não tinham chance de pegar um antes dele. Voltou correndo para sua cabana, enquanto os caçadores se espalhavam pela beira do rio, com arcos e flechas envenenadas. Abdu sabia que eles voltariam provavelmente de mãos abanando. Estava feliz da vida com a situação: ele seria o único a trazer um crocodilo! Estava tão feliz que correu para a casa da sua doce amada para lhe contar o segredo. A bela Fatu compreenderia a alegria dele...
Encontrou Fatu na soleira de casa. A moça ouviu tudo. Abdu contou como tinha matado o crocodilo, onde tinha escondido, que dali a pouco iria buscá-lo e, como seria o primeiro, ele é que ganharia o prêmio. Enquanto Abdu, com o rosto iluminado de contentamento, revelava sua molecagem à bela amada, um cego passou em silêncio e ouviu a história toda.
"Desta vez eu pego esse espertalhão", disse consigo mesmo o ceguinho, que foi direto para o lugar em que Abdu tinha escondido o crocodilo. Chegando lá, deixou-se cair no barro. Sujou de propósito a roupa e aguardou perto do crocodilo, morto desde a manhã.
Nesse meio tempo, Abdu voltou para casa, vestiu seu lindo bubu azul, finamente bordado, e passou de novo pela casa de Fatu.
- Está na hora - disse à namorada. - A caçada já começou, vou capturar meu crocodilo!
E partiu rindo sozinho na direção do rio, com um enorme bastão na mão. As mulheres que cruzaram com ele se espantaram ao vê-lo tão bem vestido assim, quando todos os homens estavam quase nus na beira do rio, com suas flechas e zagaias.
Abdu explicava a elas:
- Sou tão bom caçador, que vou matar um crocodilo com a maior facilidade e nem vou me sujar! Não tenham dúvida, eu é que vou ganhar a competição!
Nenhum dos caçadores da aldeia tinha conseguido caçar crocodilo algum, quando Abdu chegou no lugar onde tinha escondido sua caça de manhã. Deu com o ceguinho, sentado junto do arbusto. Sem se perturbar, Abdu pegou sua caça e disse ao ceguinho:
- Acabo de matar um crocodilo.
O cego lhe pediu licença para avaliar o peso e o tamanho do bicho. Abdu concordou e colocou o bicho nos ombros do cego. Este deixou o crocodilo cair no barro, e então pôs de novo nos ombros o bichão todo enlameado. Abdu, que agora começava a ficar com pressa, pediu-lhe para devolver o fardo. Mas este, de repente, pôs-se a berrar, pedindo socorro! Abdu entendeu na hora que o ceguinho queria lhe pregar uma peça.
Os outros caçadores chegaram correndo. Abdu quis explicar a situação.
- Chega de conversa! Chega de mentira! - responderam os caçadores, que já tinham sido vítimas das malandragens de Abdu bem mais de uma vez.
Como Abdu continuava a protestar, os caçadores decidiram que cabia ao chefe resolver o assunto.
Foram para a casa do chefe, que todos respeitavam. Lá, primeiro um, depois o outro disseram ter matado o crocodilo.
O chefe, que os ouviu e observou atentamente, declarou:
- Abdu mentiu muitas vezes para a gente. Está sempre querendo nos tapear. Sempre quer ser mais esperto que os outros. É um vigarista, um impostor! Como Abdu, tão bem vestido com seu lindo bubu bordado, pode dizer que está voltando da caça? Olhem só para o ceguinho. Está tão enlameado quanto o crocodilo. Com certeza foi ele que matou o bicho.
Abdu não pôde dizer nada. E o que diria diante daquele raciocínio tão lógico do chefe?
Foi-se embora cabisbaixo. O ceguinho recebeu o prêmio prometido.
É verdade, todo espertalhão sempre acaba encontrando outro mais esperto que ele.
Observação:
Os demais contos foram retirados dos livros citados abaixo:
PRADO, Zuleika de Almeida- Mitos, mitos, Lendas, lendas, Ed. Callus- São Paulo-2003.
-A primeira morte.
-A primeira chuva.
HALEY, Gail E.- O baú das histórias, Ed. Global
- O Baú das histórias.
SALA DE LEITURA – CONTOS AFRICANOS
Projeto elaborado pela Professora Irene Santos da Silva.
JUSTIFICATIVA: Ao abordar o tema do Projeto Copa do Mundo 2010, que tem a África como sede, a sala de leitura irá dar destaque ao gênero textual contos africanos. Farei da Arte um recurso estratégico, valorizando o aluno, apostando na sua aprendizagem e aproveitando todas as possibilidades de seu repertório de conhecimento e emoções.
OBJETIVOS:
• Utilizar a expressão artística para estimular o aluno a exprimir sem receios, sem censuras, sem se importar com talento ou capacidade criativa, seus sentimentos e emoções.
• Identificar e respeitar diferentes culturas;
• Identificar as características marcantes desse tipo de texto;
• Explorar recursos da oralidade e da escrita;
DURAÇÃO: 29/03 A 28/06
PROCEDIMENTOS:
• Audição de uma música sobre a África (os alunos receberão letra da música para leitura compartilhada e cantar).
• Explicação do Projeto e dos objetivos para os alunos;
• Conversação sobre as características do gênero quer irá ser trabalhado e questionamentos sobre o conhecimento de algum conto africano;
• Solicitar que os alunos observem a característica dos contos africanos que explicam fenômenos da natureza de forma criativa e nos mostram uma versão peculiar da cultura de determinado povo;
• A professora irá ler oito contos africanos para cada turma (CI e CII), sendo que serão selecionados apenas quatro de cada turma para realização dos trabalhos de arte;
• Apresentação através da leitura do conto ou audição de CD;
• Reescrita do conto pelo aluno;
• Revisão da reescrita pelo professor;
• Realização em grupo de uma atividade artística para representar a narração;
• Produção de desenhos que representem o conto;
• Exposição das reescritas dos contos e dos trabalhos de arte.
AVALIAÇÃO: Dar-se-á no decorrer do projeto através da observação da participação e envolvimento dos alunos na realização das atividades e etapas propostas.
PROPOSTA DE FINALIZAÇÃO: Produção de cadernos com as reescritas dos contos (digitados na Sala de Informática) e dos trabalhos de arte (para ilustração e exposição).
ENCERRAMENTO: Exposição geral da escola com todos os produtos finais do projeto da Copa do Mundo 2010- Alberto Santos Dumont na África do Sul.
BIBLIOGRAFIA:
D’ZAMBÊ, Julio e Débora- Contos africanos, Universidade Falada, Audio Livro, Série Cultura-2010- São Paulo
PRADO, Zuleika de Almeida- Mitos, mitos, Lendas, lendas, Ed. Callus- São Paulo-2003.
ARRABAL, José- O livro das Origens, Ed. Paulinis, São Paulo- 2008.
HALEY, Gail E.- O baú das histórias, Ed. Global
ACESSÍVEL em http://lendasecalendas.omeuforum.net/01/04/2010.
AVALIAÇÃO- PRODUÇÃO TEXTUAL
Modalidade: CONTOS
TÓPICOS DE REVISÃO
Desenvolvimento e adequação ao tema
• O texto produzido corresponde ao tema proposto?
• Foi produzido o suficiente para o desenvolvimento das idéias?
• O texto apresenta clareza?
• O texto apresenta seqüência lógica
Características do gênero
• Apresenta Título?
• O texto caracteriza-se como uma prosa/ narrativa?
• Apresenta fatos históricos com superstições e crendices?
• Apresenta características de lugar onde o fato aconteceu?
• Apresenta o elemento quando?
• Apresenta suspense / aventura?
• O texto está escrito na 3ª pessoa?
• Apresenta seqüência cronológica?
Estrutura Estética
• O texto foi escrito respeitando as linhas?
• A letra empregada é legível?
• O texto é legível, ainda que com borrões e rasuras?
• O texto apresenta margem dos dois lados da página?
• Há marcação adequada de parágrafo no corpo do texto?
Estrutura Lingüística
De uma forma geral o aluno:
• Escreve convencionalmente as palavras?
• Apresenta separação silábica quando necessário?
• Acentua adequadamente as palavras?
• Emprega a pontuação que facilita a leitura e compreensão do texto?
• Usa letras maiúsculas e minúsculas adequadamente?
• Emprega o vocabulário de maneira adequada?
• Apresenta concordância nominal?
• Apresenta concordância verbal.
MÚSICAS
ÁFRICA- Palavra Cantada – CI
Quem não sabe onde é o Sudão saberá
A Nigéria o Gabão Ruanda
Quem não sabe onde fica o Senegal,
A Tanzânia e a Namíbia, Guiné Bissau?
Todo o povo do Japão saberá
De onde veio o Leão de Judá
Alemanha e Canadá saberão
Toda a gente da Bahia sabe já
De onde vem a melodia
Do ijexá o sol nasce todo dia
Vem de lá
Entre o Oriente e ocidente
Onde fica?
Qual a origem da gente?
Onde fica?
África fica no meio do mapa do mundo do atlas da vida
Áfricas ficam na África que fica lá e aqui
África ficará
Basta atravessar o mar pra saber
Onde cresce o Baobá pra saber
Da Floresta de Oxalá e malê
Do deserto de alah
Do ilê Banto Mulçumanamagô
Yorubá
“O Brasil tem muito de África, conhecemos seu ritmo, sua religião, mas como será a origem disso tudo? Há muito que conhecer ainda.”
ÁFRICA DO SUL - Bamda Mel -CII
O ilê Aivê vai curtindo o seu reggae
Vai fazendo do seu samba
Uma forma de protesto
Segundo a norma
Dê a César o que é de César
Dê a Pedro o que é de Pedro
Dê ao negro toda África
África
África do Sul
África do Sul
(Bis)
E o apartheid que faz a separação
Envolvendo muita gente
E o conflito das nações
Nem todas as águas
Que habitam o oceano
Não dariam pra lavar
A imundice desse mundo
África
África do Sul
África do Sul
(Bis)
Reggae no reggae do samba
Reggae Ilê Aivê
África do Sul
África do Sul
(Bis)
CONTOS AFRICANOS-CI
BAOBÁ, A ÁRVORE DA ÁFRICA.
Quando o Criador estava fazendo tudo no mundo a primeira coisa que ele fez foi o Baobá. O Baobá foi crescendo, crescendo, e enquanto isso o Criador foi trabalhando para fazer tudo no mundo.
Um dia o Baobá foi se olhar no espelho d’água, percebeu que era muito grande, muito alto. Ele foi até o Criador e perguntou:
- Criador, porque é que eu sou desse jeito? Eu gostaria de ser delicado como as plantinhas que estão ao redor da lagoa... Eu não quero ser dessa forma!
O Criador na sua paciência explicou que aquela fora sua primeira criação e que por isso tinha se dedicado muito, tornando-a uma árvore muito importante, porque tudo nela se aproveita. Mas, o Baobá não queria nem saber.
O Criador continuava ocupado fazendo tudo e o Baobá atrás, reclamando... Vivia reclamando ao Criador:
- Criador, dá um jeito na minha aparência! Não é possível assim!
O Criador foi agüentando, foi agüentando... Até que, um certo dia, perdeu a paciência com o Baobá. Arrancou o Baobá do chão, virou de ponta cabeça e enfiou o Baobá na terra.
Até hoje, quando você olha para o Baobá, parece que é uma árvore de cabeça pra baixo. Suas raízes são como se fossem braços pedindo ao Criador uma solução para o seu problema.
(Texto extraído do CD Universidade Falada- Contos Africanos)
COMO SURGIU A GALINHA D’ANGOLA
Antigamente as aves viviam felizes nos campo e nas florestas africanas, até que a inveja se instalou ente elas tornando insuportável a convivência.
Nessa ocasião, quase todos os pássaros passaram a invejar a família do Melro, que era muito bonito. O macho, com sua plumagem negra e seu bico amarelo-alaranjado, despertava em plumagem negra e seu bico amarelo-alaranjado, despertava em todos à vontade de ser igual a ele. As fêmeas tinham o dorso preto, o peito pardo-escuro, malhado de pardo-claro, e a garganta com manchas esbranquiçadas. Elas causavam inveja maior ainda.
O Melro, vaidoso, certo de sua beleza, prometeu que se todas as aves o obedecessem usaria de seus poderes mágicos e os tornariam negros com plumagem brilhante. Entretanto, os pássaros logo começaram a desobedecê-lo. Então ele, furioso, jurou vingança, rogou-lhes uma praga e deu-lhes cores e aspectos diferentes.
Para a Galinha D’Angola, disse que seria magra e sentiria fraqueza constante. Fez com que seu corpo se tornasse pintado assim como o de um leopardo. Dessa forma seria devorada por aqueles felinos, que não suportariam ver outro animal que tivesse o corpo tão belo, pintado de uma maneira semelhante ao deles. Ela pagaria assim por sua inveja. E foi isso o que aconteceu.
Desde esse dia a Galinha D’Angola, embora seja muito esperta e voe para fugir dos caçadores, vive reclamando que está fraca, fraca. Com suas perninhas magras, foge com seu bando assim que surge algum perigo e é muito difícil alcançá-la. Suas penas, cinzas, brancas ou azuladas, são sempre manchadinhas de escuro tornando as galinhas d’angola belas e cobiçadas.
(Conto retirado do livro Muitos mitos, lindas lendas de Zuleika de Almeida, Ed. Callus.)
Observação:
Os demais contos foram retirados do CD citado abaixo:
D’ZAMBÊ, Julio e Débora- Contos africanos, Universidade Falada, Audio Livro, Série Cultura-2010- São Paulo.
-Ianka, a menina do colar de contas.
-Nizua e o arco-íris.
-Omana, o menino príncipe.
-Porque o sol e a lua moram no céu.
-Pitam e a estrela cadente.
HALEY, Gail E.- O baú das histórias, Ed. Global.
-O baú das histórias.
CONTOS AFRICANOS-CII
QUEM PERDE O CORPO É A LÍNGUA
Conta-se em Angola que há muito tempo um caçador, voltando para sua aldeia, encontrou uma caveira num oco de pau. Assustado, olhou desconfiadamente de um lado para outro, temendo alguma armadilha ou uma das muitas artimanhas dos espíritos que faziam da floresta seu lar. Mesmo ainda muito espantado, tomou coragem e se aproximou para observar.
Nesse momento, a Caveira chamou-o e pediu:
— Chegue mais perto, caçador, que eu não mordo, não!
Mas quem diz que ele a atendeu. Mais desconfiado do que propriamente assustado, o caçador ficou onde estava e somente depois de mais algum tempo juntou um restinho de coragem e perguntou:
— Quem a pôs nesse lugar, Caveira?
— Foi a Morte, caçador — apressou-se ela a responder.
— E quem a matou?
Enigmática, os olhos brilhando nas órbitas vazias, a Caveira voltou a responder:
— Quem perde o corpo é a língua!...
O caçador voltou para casa e contou aos companheiros o que acontecera. Ninguém acreditou, mas conversa vai, conversa vem a história da Caveira que falava no meio da floresta foi se espalhando, espalhando, até que muita gente dela falava. Dias mais tarde o caçador passou pelo mesmo pedaço escuro e sombrio da floresta e tornou a ver a Caveira no mesmo lugar, ajeitada caprichosamente num oco de uma enorme e igualmente assustadora árvore. Tornou a fazer as mesmas perguntas e, como era de esperar, ouviu as mesmas respostas. Mais que depressa o caçador correu para a aldeia e, todo orgulhoso de si mesmo, pois afinal era o único que encontrava e conversava com a misteriosa Caveira, teimou em contar a história aos companheiros. A verdade é que tanto ele contou que muitos começaram a ficar com raiva dele... Afinal de contas, que Caveira era aquela que só falava com ele?
E por quê? Seria mentira? Por fim, acabaram dizendo:
— Vamos ver essa tal Caveira de que fala tanto, mas ouça bem: se ela não disser coisa alguma que se pareça com tudo isso que você tem dito a nós, vamos lhe dar lá mesmo a maior surra de pau que você já levou pra deixar de ser mentiroso, ouviu bem?
Certo que a Caveira não o decepcionaria, mais do que depressa o caçador os conduziu até a sua estranha companheira. Vendo-a, apressou-se em lhe fazer as tais perguntas de que tanto falara, mas a Caveira não murmurou sequer qualquer coisa. Calada estava, calada ficou. Mais o caçador perguntava e mais ela ficava calada. Nem um “ai”, quanto mais uma resposta.
Diante dos olhares ameaçadores dos companheiros, ele ainda tentou argumentar, dizer qualquer coisa, encontrar um jeito de...
Mas ninguém quis saber de conversa e muito menos de explicação. Caíram sobre ele com toda a raiva do mundo e deram-lhe uma grande surra. A maior que já levara. Foram embora reclamando muito e gritando:
— Mentiroso!
Pobre caçador! Pobre caçador! Todo machucado, o corpo dolorido, ficou estirado no chão, gemendo. Só com muito esforço, conseguiu forças para ficar de pé. Quando finalmente conseguiu se levantar, olhou cheio de raiva para a Caveira e resmungou:
— Olha bem, coisa do diabo, o que fez comigo! Os olhos dela cintilaram quase zombeteiramente e, depois de algum tempo, ela afirmou:
— Quem perde o corpo é a língua, meu amigo, é a língua...
E cá entre nós, com toda razão!
O caçador, bem machucado, foi para casa e, dessa vez, calou-se, guardando para si aquilo que somente ele ouvira.
Mukuendangó, Mukúfuangó, Mukuzuelangó, Mukuiangó. (Por andar à toa, morre-se à toa; por
falar à toa, vai-se à toa!)
Lendas Negras de Júlio Emílio Braz - Quimbundo
“ESTOU VOLTANDO...”
Um jovem angolano caminhava solitário pela praia. Parou por alguns instantes para agradecer aos deuses por aquele momento milagroso: o deslumbramento de sua terra natal. O silêncio o fez adormecer em seu âmago, despertando inesperadamente com o bater das ondas sobre as pedras. De repente, surgiram das matas homens estranhos e pálidos que o agarraram e o acorrentaram. Sua coragem e o medo travaram naquele momento uma longa batalha... Ele chamou pelos seus pais e clamou pelo seu Deus. Mas ninguém o ouviu. Subitamente mais e mais rostos estranhos e pálidos se uniram para rirem de sua humilhação. Vendo que não havia saída, o jovem angolano atacou um deles, mas foi impedido por um golpe. Tudo se transformou em trevas.
Um balanço interminável o fez despertar dentro do estômago de uma criatura. Ainda zonzo, ele notou a presença de guerreiros de outras tribos. Todos se demonstraram incrédulos sobre o que estava acontecendo. Seus olhos cheios de medo indagavam. Passos e risos de seus algozes foram ouvidos acima. Durante a viagem muitos guerreiros morreram, sendo seus corpos lançados ao mar. Dias depois, já em terra firme, ele é tratado e vendido como um animal. Com o coração cheio de “banzo” ele e outros negros foram levados para um engenho bem longe dali. Foram recebidos pelo proprietário e pelo feitor que, com o estalar do seu chicote não precisou expressar uma só palavra. Um dia, em meio ao trabalho, o jovem angolano fugiu. Mas não foi muito longe; foi capturado por um capitão do mato. Como castigo foi levado ao tronco onde recebeu não duas, mas cinqüenta chibatadas. Seu sangue se uniu ao solo bastardo que não o viu nascer.
Os anos se passaram, mas a sua sede por liberdade era insaciável. Várias vezes foi testemunha dos maus tratos que o senhor aplicava sobre as negras, obrigando-as a se entregarem. Quando uma recusava era imediatamente açoitada pelo seu atrevimento. A Sinhá, desonrada, vingava-se sobre uma delas, mandando que lhe cortassem os mamilos para que não pudesse aleitar. O jovem angolano não suportando mais aquilo fugiu novamente. No meio do caminho encontrou outros negros fugidos que o conduziram ao topo de uma colina onde uma aldeia fortificada – um quilombo – estava sendo mantida e protegida por escravos.
Ali ele aprendeu a manejar armas e, principalmente a ensinar as crianças o valor da cultura africana. Também foi ali que conheceu a sua esposa, a mãe de seu filho. Com o menino nos braços, ele o ergue diante as estrelas mostrando-o a Olorum, o deus supremo... Surgem novos rostos, estranhos e pálidos, mas de coração puro, os abolicionistas. Eram pessoas que há anos vinham lutando pelo fim do cativeiro. Suas pressões surtiram efeito. Leis começaram a vigorar, embora lentamente, para o fim da escravatura: A Lei Eusébio Queiroz; a do Ventre-Livre, a do Sexagenário e, finalmente, a Lei Áurea. A juventude se foi. O velho angolano agora observa seus netos correndo livremente pelos campos. Aprenderam com o pai a zelarem pelas velhas tradições e andarem de cabeça erguida. Um dia o velho ouviu o clamor do seu coração: com dificuldade caminhou solitário até a praia. Olhou compenetrado para o horizonte. Agora podia ouvir as vozes de seus pais sendo trazidas pelas ondas do mar.
A noite caiu cobrindo o velho angolano com o seu manto... Os tambores se calaram... No coração do silêncio suas palavras lentamente ecoaram: “Estou voltando... Estou voltando...”
Este conto é parte integrante do meu livro (O ANJO E A TEMPESTADE): Cia.dos Livros.
“POR QUE SERÁ QUE O MORCEGO SÓ VOA DE NOITE?"
Há muito e muito tempo houve uma tremenda guerra entre as aves e o restante dos animais que povoa as florestas, savanas e montanhas africanas.
Naquela época, o morcego, esse estranho bicho, de corpo semelhante ao do rato, mas provido de poderosas asas, levava uma vida mansa voando de dia entre as enormes e frondosas árvores à cata de insetos e frutas.
Uma tarde, (...) foi despertado pelos trinados aflitos de um passarinho:
- Atenção, todas as aves! Foi declarada a guerra aos quadrúpedes. Todos que têm asas e sabem voar devem se unir na luta contra os bichos que andam no chão.
O morcego ainda estava se refazendo do susto, quando uma hiena passou correndo e uivando aos quatro ventos:
- E agora? – perguntou a si mesmo o aparvalhado morcego. – Eu não sou uma coisa nem outra.
Indeciso, não sabendo a quem apoiar, resolveu aguardar o resultado da luta:
- Eu é que não sou bobo. Vou me apresentar ao lado que estiver vencendo – decidiu.
Dias depois, escondido entre as folhagens, viu um bando de animais fugindo em carreira desabalada, perseguidos por uma multidão de aves que distribuíam bicadas a torto e a direito. Os donos de asas estavam vencendo a batalha e, por isso, ele voou para se juntar às tropas aladas.
Uma águia gigantesca, ao ver aquele rato com asas, perguntou:
- O que você está fazendo aqui?
- Não está vendo que sou um dos seus? Veja! – disse o morcego abrindo as asas. – Vim o mais rápido que pude para me alistar – mentiu.
- Oh, queira me desculpar!– falou a desconfiada águia. – Seja bem-vindo à nossa vitoriosa esquadrilha.
Na manhã seguinte, os animais terrestres, reforçados por uma manada de elefantes, reiniciaram a luta e derrotaram as aves, espalhando penas para tudo quanto era lado.
O morcego, na mesma hora, fechou as asas e foi correndo se unir ao exército vencedor.
- Quem é você? – rosnou um leão.
- Um bicho de quatro patas como Vossa Majestade – respondeu o farsante, exibindo os dentinhos afiados.
- E essas asas? – interrogou um dos elefantes. – Deve ser um espião. Fora daqui! – berrou o paquiderme erguendo a poderosa tromba num gesto ameaçador.
O morcego, rejeitado pelos dois lados, não teve outra solução passou a viver isolado de todo mundo, escondido durante o dia em cavernas e lugares escuros.
É por isso que até hoje ele só voa de noite.”
Autor: Rogério Andrade Barbosa
Retirada do livro: Histórias Africanas para contar e recontar
Editora do Brasil
SABER CASAR - Um conto popular kimbundu
Este conto fala-nos de um senhor que quase provocou a morte do seu irmão mais novo por se ter apaixonado por uma mulher desconhecida. Ė preciso sabermos que quando casamos nem todo o tipo de mulher serve.
Era uma vez um senhor caçador e um irmão pequeno que viviam numa pequena povoação. Quando ia para a caça, o caçador deixava o irmão em casa. Certa altura, o caçador resolveu casar, porque estava cansado de viver solteiro. Mas ele não quis casar com nenhuma mulher da povoação em que vivia. Numa manhã de cacimbo, no Inverno, enquanto caçava, encontrou uma mulher muito bonita a tremer por causa do frio que assolava aquela floresta. Sem mais olhar para trás, apaixonou-se pela menina. E a menina, também sem mais hesitar, aceita o pedido de casamento, e caminharam para casa para viverem maritalmente.
Passados alguns meses, a mulher fazia «espetados» estranhos que ameaçavam o menino. Quando ambos ficavam sozinhos, devorava toda a carne sem deixar nada. O menino explicava o que se passava ao irmão, mas ele não «dava de nada». A situação tornava-se mesmo alarmante e a caça já não era suficiente para a menina carnívora.
Certa manhã, depois de o marido partir para a caça, ela transformou-se em leoa e tentou apanhar o menino. O menino, sem mais demora, deu um pulo para fora de casa e pôs-se a correr em direcção ao local de caça onde o irmão estava, enquanto chorava «de gritos».
Quando deu conta que estavam próximo do local de caça (porque o marido dizia sempre para onde ia caçar), voltou a transformar-se em pessoa e chamou o cunhado, enquanto dizia que brincava com ele.
Depois do regresso do irmão a casa, o menino contou tudo ao irmão, mas ele fez-se surdo. Temendo pelo perigo em que a sua vida se encontrava, o menino resolveu viver fora de casa, porque aquele episódio repetiu-se frequentemente. Mas o irmão caçador, depois de ouvir tantas lamentações do irmão pequeno e de alguns vizinhos, deu ouvidos ao irmão e disse:
- Vou-me esconder próximo da aldeia e se ela tornar a fazer o mesmo corres para a direcção para onde me dirijo.
O mesmo voltou a acontecer e o menino fez o que foi combinado. Correu em direcção ao local onde estava escondido o seu irmão. Escutando os gritos e choros do irmão que vinha a ser perseguido por uma leoa, o caçador preparou a espingarda em posição de fogo.
Quando o menino e a leoa chegaram próximo dele, sem mais hesitar, atingiu a leoa na cabeça com um tiro e a leoa acabou por morrer.
O caçador pegou no irmão e regressou a casa, enquanto chorava, porque tinha posto em perigo a vida de seu irmão. Aprendeu que quando procuramos casar ou arranjamos uma mulher ou um homem para casar, primeiro devemos procurar saber que tipo de ser humano é.
Esta é uma história que nos vem ensinar que quando pensamos casar, devemos ter cautelas, para não pormos em perigo as nossas vidas, as nossas relações de amizade com a família, amigos e pessoas chegadas.
Carlos Kakulu
Estudante da Universidade da Namíbia
ADBU, O CEGO E O CROCODILO
Um dia Abdu preparou uma armadilha na beira do rio para pegar um crocodilo. Que sorte! Pegou um logo em seguida! Mas em vez de levar a presa para o terreiro da sua concessão, resolveu fazer uma senhora marotagem. Catou uma pedra bem grande e arrebentou a cabeça do crocodilo. Depois escondeu o bicho num arbusto. Feito isso, voltou tranqüilamente para casa.
Abdu esperou um tempinho e foi convencer o chefe da aldeia a organizar uma caçada de crocodilos. E propôs:
- Quem chegar primeiro com um crocodilo morto ganha uma gorda recompensa.
O chefe pensou um pouco e respondeu:
- Abdu, gostei da idéia! Vamos organizar logo essa caçada!
Naquela mesma tarde, os homens saíram para caçar crocodilo. Abdu sabia que eles praticamente não tinham chance de pegar um antes dele. Voltou correndo para sua cabana, enquanto os caçadores se espalhavam pela beira do rio, com arcos e flechas envenenadas. Abdu sabia que eles voltariam provavelmente de mãos abanando. Estava feliz da vida com a situação: ele seria o único a trazer um crocodilo! Estava tão feliz que correu para a casa da sua doce amada para lhe contar o segredo. A bela Fatu compreenderia a alegria dele...
Encontrou Fatu na soleira de casa. A moça ouviu tudo. Abdu contou como tinha matado o crocodilo, onde tinha escondido, que dali a pouco iria buscá-lo e, como seria o primeiro, ele é que ganharia o prêmio. Enquanto Abdu, com o rosto iluminado de contentamento, revelava sua molecagem à bela amada, um cego passou em silêncio e ouviu a história toda.
"Desta vez eu pego esse espertalhão", disse consigo mesmo o ceguinho, que foi direto para o lugar em que Abdu tinha escondido o crocodilo. Chegando lá, deixou-se cair no barro. Sujou de propósito a roupa e aguardou perto do crocodilo, morto desde a manhã.
Nesse meio tempo, Abdu voltou para casa, vestiu seu lindo bubu azul, finamente bordado, e passou de novo pela casa de Fatu.
- Está na hora - disse à namorada. - A caçada já começou, vou capturar meu crocodilo!
E partiu rindo sozinho na direção do rio, com um enorme bastão na mão. As mulheres que cruzaram com ele se espantaram ao vê-lo tão bem vestido assim, quando todos os homens estavam quase nus na beira do rio, com suas flechas e zagaias.
Abdu explicava a elas:
- Sou tão bom caçador, que vou matar um crocodilo com a maior facilidade e nem vou me sujar! Não tenham dúvida, eu é que vou ganhar a competição!
Nenhum dos caçadores da aldeia tinha conseguido caçar crocodilo algum, quando Abdu chegou no lugar onde tinha escondido sua caça de manhã. Deu com o ceguinho, sentado junto do arbusto. Sem se perturbar, Abdu pegou sua caça e disse ao ceguinho:
- Acabo de matar um crocodilo.
O cego lhe pediu licença para avaliar o peso e o tamanho do bicho. Abdu concordou e colocou o bicho nos ombros do cego. Este deixou o crocodilo cair no barro, e então pôs de novo nos ombros o bichão todo enlameado. Abdu, que agora começava a ficar com pressa, pediu-lhe para devolver o fardo. Mas este, de repente, pôs-se a berrar, pedindo socorro! Abdu entendeu na hora que o ceguinho queria lhe pregar uma peça.
Os outros caçadores chegaram correndo. Abdu quis explicar a situação.
- Chega de conversa! Chega de mentira! - responderam os caçadores, que já tinham sido vítimas das malandragens de Abdu bem mais de uma vez.
Como Abdu continuava a protestar, os caçadores decidiram que cabia ao chefe resolver o assunto.
Foram para a casa do chefe, que todos respeitavam. Lá, primeiro um, depois o outro disseram ter matado o crocodilo.
O chefe, que os ouviu e observou atentamente, declarou:
- Abdu mentiu muitas vezes para a gente. Está sempre querendo nos tapear. Sempre quer ser mais esperto que os outros. É um vigarista, um impostor! Como Abdu, tão bem vestido com seu lindo bubu bordado, pode dizer que está voltando da caça? Olhem só para o ceguinho. Está tão enlameado quanto o crocodilo. Com certeza foi ele que matou o bicho.
Abdu não pôde dizer nada. E o que diria diante daquele raciocínio tão lógico do chefe?
Foi-se embora cabisbaixo. O ceguinho recebeu o prêmio prometido.
É verdade, todo espertalhão sempre acaba encontrando outro mais esperto que ele.
Observação:
Os demais contos foram retirados dos livros citados abaixo:
PRADO, Zuleika de Almeida- Mitos, mitos, Lendas, lendas, Ed. Callus- São Paulo-2003.
-A primeira morte.
-A primeira chuva.
HALEY, Gail E.- O baú das histórias, Ed. Global
- O Baú das histórias.
sábado, 5 de junho de 2010
FRASES DE MONTEIRO LOBATO

“Um país se faz com homens e livros.”
“Escrever é gravar reações psíquicas. O escritor funciona qual antena - e disso vem o valor da literatura. Por meio dela, fixam-se aspectos da alma dum povo, ou pelo menos instantes da vida desse povo.”
“O certo em literatura é escrever com o mínimo possível de literatura. (...) a mim me salvaram as crianças. De tanto escrever para elas, simplifiquei-me”. Obs.: Carta a Godofredo “Rangel, São Paulo, 1/2/1943.”
“No fundo não sou literato, sou pintor. Nasci pintor, mas como nunca peguei nos pincéis a sério, arranjei, sem nenhuma premeditação, este derivativo de literatura, e nada mais tenho feito senão pintar com palavras.” Obs.: Carta a Godofredo Rangel, Areias, 6/7/1909.
“Há dois modos de escrever. Um, é escrever com a idéia de não desagradar ou chocar ninguém (...) Outro modo é dizer desassombradamente o que pensa, dê onde der, haja o que houver - cadeia, forca, exílio.” Obs.: Carta a João Palma Neto, São Paulo, 24/1/1948.
“Nada de imitar seja lá quem for. (...) Temos de ser nós mesmos (...) Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir.” Obs.: Carta a Godofredo Rangel, São Paulo, 15/11/1904.
“Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira - mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.” Obs.: Mundo da Lua, 1923.
“Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar.”
[Monteiro Lobato]
Site com dicas de poesias

Ilusões da vida
Francisco Otaviano
Quem passou pela vida em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu...
Foi espectro de homem, não foi homem.
Só passou pela vida... não viveu.
http://www.orizamartins.com/dicas-livros-poesias.html
Poema
Abençoado seja!
******************
Livro na sala de aula
Livro no pátio, na varanda
Livro na mão
Livro na alma
Livro no coração.
♥♥♥
Livro tem cheiro, tem gosto,
Ruído, melodia,
Ritmo, canção,
Verdade, fantasia, brincadeiras,
Suspense, intriga, ação.
♥♥♥
Livro de reza, de estudo,
De amor, de tragédia,
Livro de receitas de cozinha,
Livro p'ra ler a vida,
Livro p'ra curar a dor.
♥♥♥
Livro me acalma
Me pega no colo
Me leva p'ro espaço infinito
P'ros cantos da minha alma
Onde ninguém nunca vai.
♥♥♥
Livros
De história...
De estudo...
Livro de poesia...
De tudo!
♥♥♥
Abençoado seja,
Livro meu,
De cada dia!
Leda Maria
LIVROS E FLORES
LER HISTÓRIAS...

Sabemos da importância do ato de ler histórias para as crianças, diariamente, porque favorecem o convívio social tornando a escrita um processo facilitador, pois elas mantêm contato com as palavras e os códigos da escrita.
Ler histórias para crianças é suscitar o imaginário, é ter curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar idéias para solucionar questões. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos. É ouvindo histórias que se podem sentir emoções importantes como a tristeza, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras mais.
Quando lemos para uma criança não lhe transmitimos apenas o conteúdo da história, mas promovemos o seu encontro com a leitura, possibilitando-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolvendo nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.
“É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula...”.
(ABRAMOVICH, 1995, p. 17).
terça-feira, 1 de junho de 2010
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